Aqui vai uma dica para aqueles que querem relaxar nas férias sem descuidar do cérebro. São livros bastante diferentes entre si, mas que reúnem duas qualidades comuns: inteligência e leveza. Além de possibilitarem o exercício da mente, podem render assunto para um bom papo descontraído.
O propósito original era ficar em dez sugestões, mas há alguns bônus. Quem tiver mais sugestões interessantes e inteligentes é só deixar nos comentários.
10 – Triologia Michael Sandel: “Justiça”, “O que o dinheiro não compra” e “Contra a perfeição”
Sandel impressiona pela sua capacidade de tratar de temas profundos com simplicidade. Seus pontos de vista são ilustrados com diversos exemplos interessantíssimos do cotidiano, sempre estimulando o leitor a pensar junto com ele. Recomendo uma leitura na ordem acima indicada, começando com o mais famoso: “Justiça”, que é um produto de seu brilhante curso homônimo na Universidade de Harvard.
9 – Triologia Steven D. Levvit & Stephen J Dubner – “Freakonomics”, “Superfreakonomics” e “Pense como um Freak“.
Levvit e Dubner foram um dos principais divulgadores da chamada microeconomia ou economia comportamental. Freaknomics é um sucesso de vendas e inspirou um documentário na HBO (não tão bom quanto o livro, vale ressaltar). O livro é uma compilação de estudos muito curiosos sobre a análise econômica da vida. A continuação (“Superfreaknomics”) não é tão boa, mas também merece ser lida.
8 – Tim Harford – “A Lógica da Vida”
A fórmula de Tim Harford é parecida com a do Freaknomics: analisar situações da vida na perspectiva da economia comportamental. Para quem gosta de Law & Economics, há muitas ideias interessantes sobre discriminação, democracia, preconceito, entre vários outros assuntos, mas sem aquelas complicações que costumam estar associadas à análise econômica do direito.
7 – Peter Singer – “O Maior bem que Podemos Fazer”
Quando li este livro de Singer, fiquei encantado. É um livro inspirador, que nos leva a refletir sobre a injustiça e o nosso dever de combatê-la. Mesmo sendo muito “água com açúcar”, também nos ajuda a pensar criticamente, inclusive para que possamos questionar algumas práticas arraigadas na nossa cultura capitalista.
6 – Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein – “Nudge: o empurrão para a escolha certa”
Apesar do nome, não se trata de um livro de auto-ajuda. O livro de Thaler e Sunstein é uma defesa do que eles designam por paternalismo libertário, um modo de pensar fundado na arquitetura das escolhas. O “empurrão para escolha certa” é a criação de um cenário que favoreça a escolha certa em diversas situações da vida, desde a contratação do plano de saúde até a melhor ordem da prateleira do supermercado para que as pessoas escolham as comidas mais saudáveis.
5 – Richard David Precht – “Quem sou eu? E se sou quantos sou?”
Richard Precht é um filósofo alemão com uma característica diferenciada: escreve com clareza e leveza. O livro é uma compilação de diversas teorias filosóficas famosas, analisadas sob uma ótica bem contemporânea. Vários estudos científicos são citados para corroborar ou refutar as ideias de pensadores que a academia brasileira costuma idolatrar, mas sem os ranços de obscuridade tão presentes no meio universitário.
4 – Jim Holt – “Por que o Mundo Existe?”
De todos os livros aqui citados, este é o único que ainda não li. Já está na minha cabeceira para ser lido na próxima semana. Mas promete ser muito bom…
3- Leonard Mlodinow – Subliminar: como o inconsciente influencia nossas vidas
É um livro repleto de informações compiladas das mais recentes pesquisas sobre o cérebro humano. Pelo que tenho notado, o estudo do cérebro e dos fatores não racionais no processo decisório tem sido um dos campos mais férteis das ciências sociais. Existem, inclusive, programas televisos bem interessantes que mostram as pesquisas na prática, como por exemplo, o programa “Teste o seu Cérebro”, da National Geographic. O livro de Mlodinow usa uma fórmula semelhante, apresentando a leitor experiências fascinantes que rendem um bom papo no bar ou no restaurante.
2 – Daniel Kahneman – Rápido e Devagar: duas formas de pensar
Em termos de divulgação científica, este livro de Kahneman pode ser considerada a obra-prima dos estudos de psicologia social, com a vantagem de ter sido escrito por um Prêmio Nobel de Economia. Apesar de ser um livro grande, pode-se ler sem pressa. O livro tenta transmitir as principais teses do autor e de seus discípulos de uma maneira leve e bastante agradável.
1 – Os Romances de Ayn Rand – “A Revolta de Atlas” e “A Nascente”
Deixo por último os romances de Ayn Rand, que mereceriam um comentário muito mais longo (que já estou escrevendo). Recomendo, em particular, “A Revolta de Atlas”. Muitos fãs de Rand preferem “A Nascente”, mas, na minha ótica, não chega nem aos pés. Quando eu tiver mais tempo, escreverei com mais calma sobre o que penso das ideias filosóficas de Rand. Mesmo que não se concorde com muita coisa, não se pode negar que são livros formidáveis. Com relação aos filmes feitos com base nos livros, “A Nascente” é infinitamente superior ao filme “A Revolta de Atlas”. Aliás, este filme é uma porcaria, não fazendo jus à grandeza do livro respectivo.
1, 2 e 3 são muito bons, com nota especial para Subliminar! Já o do Sandel é muito tendencioso…
Grande George!
Estou impressionado com suas dicas, variando temas e pontos de vista.
Agradeço e vou em busca do conhecimento compartilhado!
Excelentes as indicações. Aproveito para aconselhar a leitura dos livros contidos nas opções números 3, 4 e 10. E para quem quer conhecer o mercado de trabalho, “Miséria à Americana”, de Bárbara Ehreinrich, no qual ela relata a prestação de serviços como garçonete, faxineira, atendente em asilo de velhos e balconista nas lojas Wal-Mart, e demonstra a vida dos trabalhadores desqualificados.
Adorei as dicas, vou corendo comprar pelo menos dois desses para eu ler nas minhas férias.não consigo ficar sem ler, esses estão maravilhosos. Valeu