Ainda os ETs

A discussão sobre o reconhecimento de uma eventual dignidade aos extraterrestres, sugerida pelo Mairton, é bem interessante, pois nos induz a pensar nos direitos de pessoas “não humanas”, desenvolvendo uma perspectiva expansiva da dignidade humana. Vamos agora mudar o foco e colocar os extraterrestres no banco dos réus. A passagem abaixo foi extraída do livro “Quem sou eu? E, se sou, quantos sou?”, do filósofo Richard David Precht, que recomendo enfaticamente. Se tocar na alma, é capaz de mudar hábitos. Confiram:

“Imagine que, certo dia, seres estranhos do universo chegam ao nosso planeta. Seres como os do filme Independence Day. Eles são inacreditavelmente inteligentes e muito superiores aos seres humanos. Como não há sempre um corajoso presidente americano num avião de combate à disposição, e desta vez nenhum gênio incompreendido para infectar os computadores extraterrestres com vírus terrestres, os seres estranhos venceram e aprisionaram a humanidade em pouco tempo. Inicia-se um período de terror sem igual. Os extraterrestres usam os seres humanos para experiências médicas, fazem sapatos, bancos de carros e cúpulas de luminárias com sua pele, aproveitam seus cabelos, ossos e dentes. Além disso, comem os humanos, principalmente as crianças e os bebês, que são os mais apreciados por sua carne tenra e macia.

Um humano, que está sendo retirado de seu confinamento para uma experiência médica, berra para os extraterrestres:

– Como vocês podem fazer uma coisa dessas? Vocês não veem que temos sentimentos, que você estão nos machucando? Como vocês conseguem pegar nossas crianças, matá-las e comê-las? Vocês não percebem como são inacreditavelmente cruéis e bárbaros? Será que vocês não têm nenhuma compaixão e nenhuma moral?

Os extraterrestres assentem com a cabeça.

– Sim, sim – diz um deles. – pode ser que sejamos um pouco cruéis. Mas, vejam – continua -, somos superiores a vocês. Somos mais inteligentes e razoáveis, sabemos uma porção de coisas que vocês não sabem. Fazemos parte de uma espécie muito superior, uma existência num nível totalmente diferente. E por essa razão podemos fazer tudo que queremos com vocês. Comparada com a nossa, a vida de você quase não tem valor. Além disso, mesmo que nosso comportamento não seja muito adequado, uma coisa é certa: vocês são tão apetitosos!” (PRECHT, Richard David. Quem sou eu? E, se sou, quantos sou?. São Paulo: Ediouro, 2009, pp. 178/179).

Quando li a passagem acima, pensei em uma outra versão para o final. Na verdade, possivelmente, dada a superioridade cerebral dos ETs, a linguagem deles seria muito mais complexa do que a nossa. Dificilmente, os humanos conseguiriam estabelecer uma comunicação plena porque suas palavras pareceriam, aos ouvidos dos ETs, meros latidos, grunidos ou miados. Nossos gritos de revolta e de indignação seriam percebidos pelos ETs como os “cocoricós” de um frango sendo abatido. Então, provavelmente, quando o ser humano pergutasse ao extraterrestre se ele não teria moral, a resposta seria algo mais ou menos assim: “que barulho chato a desse bichinho inferior. Temos que pensar em uma solução para diminuir tanto grito”.

11 comentários em “Ainda os ETs”

  1. Muito bom, George!
    É uma inversão da situação que nos leva a mais reflexões sobre oconceito da Humanidade.
    Verei se comento mais detidamente logo mais.

  2. A questão é interessante, mas, infelizmente, ainda estamos muito longe de uma igualdade de espécies, se nem mesmo uma igualdade entre nós (humanos) conseguimos chegar.

  3. Fico imaginando o George conversando com um jovem:

    Jovem irado: que negocio eh esse de ET, mano, fumou?
    George: jah pensou na hipotese de sermos atacados…?
    Jovem irado: Po, patrao, prefiro o capitao…
    George:Vao delegar competencia para conversar conosco?
    Jovem irado: Qualeh, doidao, to falando eh do capitao america…
    George: Acaso nao saiba, tal super-heroi estah calcado numa ideologia, numa farsa americana para abocanhar mais soldados para lutar… tudo gerado no contexto da guerra fria…
    Jovem irado: mano do ceu, quando tu era pequeno tuh nao via desenho, via o Bom dia Brasil….kkkkk
    George: entretia-me bastante o Marcelo….
    Jovem irado: Marcelinho Carioca? jogava muito mesmo… torce para o Coringao?
    George: argh… Gleiser…. fisico brasileiro, graduado…
    Jovem irado: to vazando, deixe que eu pago a conta…

    moral da historia: desde que criaram o intelectual, o cultor de livros, as conversas de bar perderam muito da graca…

  4. Os Tupinambás e Tupiniquins quando foram aportados por portugueses e espanhois, receberam os visitantes como deuses (ets?) e todos sabem no que deu… foram colocados até em boca de canhão para dar eaxemplo de domínio…e hoje vivem confinados em reservas vivendo uma vida miseravel…vamos esperar para ver…mas sem esquecer dos próprios irmãos terraqueos !

    1. No sabia que tu tambien huriabes utilizado el japones en vif1etas nana,no tenia ni idea que en escuela oficial de idiomas dieran clases de japo , jope si es asi me meto maf1ana mismo XD.a por cierto miguel no se si mi respuesta te servira pero, te puedo decir que si, si ya sabes hiragana lo tendras incluso mas facil, porque el tema de hiragana es ql que mas memoria requiere, despues de eso, aprenderas vocabulario, kanji, gramatica basica etc etc. es bastante competito.venga saludos

  5. garantir o pão de cada dia remonta aos primordios da existência da vida aqui na terra portanto quem come quem na cadeia alimentar?hipoteticamente falando estes seres invasores,não seriam mais evoluidos que os terrenos e sim participando de uma mesma sintonia,a não ser pela tecnologia e talvez maior capacidade mental mas,nem de perto a moral e a etica sendo seres que deveriam ser concientes da conciência universal e não só garantir mais um dia sem sentir fome ou se deliciarem com o cardápio…

  6. Eles teriam mesmo que agir assim, senao vejamos: Nao temos a informação, mas a NASA gasta um bom dinheiro com pesquisas espaciais, e não conseguimos mandar uma nave tripulada a um planeta como Marte, por exemplo. Imagine o quanto temos de evoluir tecnologicamente para aprender a viajar pelo espaço. Alem disso, quanta energia é necessária, quantos recursos, quanto “dinheiro” se precisa gastar com isso. Digamos que, um dia consigamos encontrar um planeta habitado. Será que iremos lá apenas para “dar bom dia” aos seres locais e ir embora? Se formos até lá, qual será a compensação pelo gasto? Será que, antes de investir numa viagem tão cara, ja não se saberá os recursos naturais e recompensas qu a viagem proporcionará?
    Entao, eu acho que, assim como nós, qualquer povo que viajar pelo espaço viajará com a finalidade específica de compensar com algum recurso a ser explorado e, se pra isso, precisar explorar e massacrar nativos, o será feito. Por essas razões é que espero nunca que cheguemos a ser visitados, pois não creio que teremos muitas chances.
    Agora, acho que a comparação é bastante tendente a criticar o fato de nos alimentarmos e subjugarmos animais irracionais. E ai que tendo a discordar do exemplo, porque ainda que inferiores tecnologicamente, estariamos em um patamar de atraso no qual um dia poderiamos alcançar. Isso é bem diferente da diferença entre um cachorro e um humano, cachorros nunca terão condições de chegar a nosso intelecto e nível de desenvolvimento.
    A “exploração alienígena” deveria ser comparada, na verdade, com nossa conolização e exploração do homem pelo homem, onde civilizações avançadas (para a época) subjugavam as demais. Temos exemplos disso ate hoje. Penso que nós seriamos o povo atrasado vivendo numa fonte de recursos os quais não sabemos como explorar (indigenas na América) e os ETs seriam os exploradores que viriam nos colonizar, explorar e criar teorias pseudo-cientificas onde se colocariam em superioridade (europeus e o sistema de raças baseadas em procedencia continental e de cor de pele).

  7. Dei muita risada com esse texto. Imagine que loucura os advogados e juízes correndo para saber quais seriam os direitos das pessoas não humanas e como que fariam para que eles fossem diferenciados ou será que incluiriam eles na mesma lei de todos, afinal somos todos iguais de certo modo?

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