Aqui no Doutorado, estou assistindo a uma disciplina de “Direito e Literatura”, ministrada pelo meu orientador, o professor Aroso Linhares. Na aula passada, debatemos o livro “Poetic Justice: the literary imagination and public life” (Beacon Press, 1995), de Martha Nussbaum, em que a filósofa norte-americana defende, em síntese, que os romances podem servir para aprimorar o senso de humanidade dos julgadores, melhorando até mesmo a qualidade moral das decisões. A idéia básica é que os grandes romances da literatura mundial estão cheios de ingredientes (personagens, histórias, emoções, valores, culturas) capazes de contribuir para estimular as emoções corretas para um bom julgamento. É lógico que o livro da filósofa norte-americana não trata só disso, mas, em essência, é esse o seu objetivo. O texto usa como pano de fundo o romance “Tempos Difíceis” (Hard Times), de Charles Dickens, que é uma crítica bastante espirituosa ao utilitarismo radical. Depois vou selecionar alguns trechos do romance que me pareceram muito interessantes.
Um dos pontos que me chamou a atenção foi a comparação que a autora fez entre os poetas e os juízes (Poets as judges). Esse ponto me chamou a atenção pelo seguinte: em 1999, antes mesmo de saber que existia um forte movimento na filosofia do direito denominado “Direito e Literatura”, eu havia escrito um texto, sem qualquer pretensão acadêmica, intitulado “Os Juristas e os Poetas”. Depois, fiquei sabendo que o texto chegou a ser debatido até mesmo no mestrado da USP. O detalhe é que, quando o escrevi, ainda era estudante da graduação.
É lógico que o texto não tem muito a ver com o movimento “Direito e Literatura”, que é muito mais complexo do que se imagina, tanto que tem sido alvo de intensos debates pelos maiores jusfilósofos da atualidade (Dworkin, Posner, Balkin, Boyd-White, entre vários outros). De qualquer modo, não deixa de ser curioso que, já naquela época, eu havia tentado comparar a atividade jurídica com a literatura poética.
Eis aqui o texto que escrevi em 1999:
Os Juristas e os Poetas
Os poetas parnasianos cultuavam a forma ao extremo. A produção literária desses poetas era, como dizia Bilac, uma profissão de fé, que invejava o ourives ao escrever, torcendo, aprimorando, alteando, limando a frase, na busca da Serena Forma, em prol do Estilo. A estética era tudo. Nada importava que fosse vazio o conteúdo, se a estrofe cristalina, dobrada ao jeito do ourives, saísse da oficina sem um defeito. A simples descrição de um Vaso Grego, por exemplo, exigia do poeta todo o seu talento, que criaria um dos mais belos Sonetos em Língua Portuguesa, mas que, no fundo, trazia nenhuma substância. A norma era “reduzir sem danos a fôrmas a forma”, como o sapo-boi de Manuel Bandeira.
No outro extremo literário, apareciam, décadas depois, os dadaístas, para quem o objetivo era destruir a forma ou qualquer espécie de ordenação lógica. Para os poetas dadaístas havia, contra tudo e contra todos, “um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar” (Tristan Tzara, no seu Manifesto Dadá 1918). Ser “dadá” era, antes de tudo, ter como princípio abominar todos os princípios: era um verdadeiro anarquismo poético.
Se fôssemos buscar um meio termo entre esses dois movimentos pendulares, teríamos uma espécie de poeta romântico. Não os românticos de segunda geração, “mal do século”, com suas poesias impregnadas de egocentrismo, negativismo, pessimismo e dúvidas; mas uma evoluída geração condoreira, para quem a forma poética seria apenas um meio de propagar suas idéias libertárias. A estética não seria um fim em si mesmo: o importante era bradar contra o escravismo e todas as formas de aprisionamento humano. Viva liberdade!, era o lema, afinal a praça é do povo como o céu é do condor.
Fazendo uma simbólica comparação, pode-se dizer que há três espécies de juristas: os parnasianos, os dadaístas e os românticos.
O jurista parnasiano seria aquele jurista tradicional, que cultua a lei até as últimas conseqüências. No campo processual, o processo seria um fim em si mesmo, completamente abstrato e autônomo. As formas, para este operador do direito, deveriam ser sempre e sempre observadas, mesmo que em sacrifício a um valor superior; afinal, para ele o valor não existiria na norma. Não haveria espaço para liberdade. A solução jurídica do caso concreto havia de se pautar nos estritos limites da lógica formal de subsunção dos fatos à norma (leia-se: à lei). O juiz seria meramente a “boca da lei”, como gostaria Montesquieu. Uma sentença prolatada por um jurista desta espécie seria esteticamente perfeita: um relatório minucioso, uma fundamentação com vastas citações de leis e regulamentos que sustentariam a convicção do juiz e um dispositivo incisivo, retirado de um modelo de um livro qualquer. Uma bela e objetiva sentença, sem dúvida, mas completamente vazia, destituída de qualquer espírito de justiça, completamente imune a paixões e sentimentos sociais. Se para o poeta parnasiano a Língua Portuguesa seria “inculta e bela”, para o jurista desta espécie a Lei poderia até ser injusta, mas seria segura como uma corrente, e, dessa forma, o juiz deveria ser seu fiel executor, sob pena de institucionalizar o caos. Por isso mesmo, a forma, ou melhor, a lógica formal teria assim sepultado o Direito, aprisionando a criatividade do jurista como uma algema, tornado-o escravo da lei.
Já para o jurista dadaísta, não haveria limites. A lei? Que lei? Essa lei desses parlamentares corruptos? Essa a gente não aceita. E se não aceitamos esta, não aceitamos lei alguma. Nossas veleidades devem prevalecer, pois somos os senhores da razão. Somente nós sabemos o que é justiça. Somos, portanto, absolutamente livres para dizer o que é o direito. Este seria, hipotética e exageradamente, o discurso de um “jurista dadá”. O juiz, então, julgaria conforme sua própria vontade, ou melhor, seu arbítrio, jogando no lixo qualquer possibilidade de solução racional e minimamente objetiva.
E como seria o jurista “romântico”, o “condoreiro”? Este saberia impor à sua criatividade limites objetivos e racionais. A Constituição seria a sua “musa inspiradora”. Mas esta musa não seria tal quais aquelas dos românticos de outrora, intangível e idealizada. Pelo contrário, seria uma musa quase “realista”, com seus defeitos e imperfeições e que, por isso mesmo, deveria estar em constante estado de aperfeiçoamento. O culto à lei não mais prevaleceria de forma absoluta; afinal, este jurista já tem uma paixão: a Carta Magna. A lei, porém, teria o seu valor, qual o de dar um norte ou um auxílio ao operador do direito, sem esvaziar a sua criatividade. Se essa norma infraconstitucional não servisse para dar mais efetividade à Constituição, não serviria ela para mais nada. A sentença “romântica” seria realmente uma sentença, ou seja, um sentir, onde a vontade de fazer justiça ao caso concreto circularia como sangue nas veias do juiz. Esse magistrado saberia mesclar com perfeição seu subjetivismo, que é inafastável, e o objetivismo necessário a garantir toda a racionalidade exigida pelo direito. Como os poetas condoreiros, os juristas desta espécie também teriam na liberdade a sua pedra de toque, mas com um outro nome: a libertação. E não apenas isto: a igualdade, ou melhor, a igualização seria a meta. Da mesma forma, a fraternidade, a solidariedade, enfim, todos os valores consagrados constitucionalmente.
Se tentássemos nos “encaixar” em uma das três espécies de juristas acima citadas, não hesitaríamos em dizer que somos românticos. A nossa busca idealizada seria a construção de uma verdadeira democracia constitucional. Mesmo arriscando a incorrer em paradoxo, podemos dizer que o subjetivismo do jurista, dentro dos limites imposto pela Constituição, deve ser ilimitado. A lei não pode aprisionar o operador do direito, que estaria, contudo, numa constante “liberdade condicional”, onde a observância dos princípios constitucionais seria a condição imposta à sua liberdade. A Constituição acima de tudo, este seria o nosso grito de guerra.
Este “sentimento de justiça” que circula nas veias dos juristas românticos é fruto de uma paixão desenfreada pela democracia e resultado de uma enorme crença na força normativa da Constituição.
Temos a consciência, porém, de que não basta “sentir”, ficar “suspirando” como os poetas de antigamente. Sonhar é importante, mas não suficiente. É preciso fundamentalmente “agir”. Agir para dar vida à Constituição. Agir para fazer valer o espírito de justiça que está em nossos corações. Agir para concretizar os direitos fundamentais. À ação, portanto!
1)Belo texto para um estudante da graduacao. Concordo com tudo o que disse: afinal, eh muito bom o jurista saber um pouco mais que o Direito. Como disse Jhering: “o jurista que eh soh jurista eh uma triste coisa”
No entanto, insisto na minha tese de que CADA MACACO DEVE OCUPAR O SEU GALHO. O direito tem seu metodo proprio, como tambem tem a filosofia. Assim como nem todo CONHECEDOR DE LEIS merece ser chamado de jurista, tambem nao considero UM CONHECEDOR DE IDEIAS FILOSOFICAS um filosofo. Dai por que prefiro ler um livro de FILOSOFIA ESCRITO POR UM FILOSOFO. iSSO, por obvio, nao IMPLICA QUE EU SEJA UM JURISTA PARNASIANO ou um analfabeto em termos de filosofia.
Eh questao de opcao. O ministro Ives Gandra Martins Filho acaba de lancar um livro sobre historia da filosofia, editado pela Saraiva. Por quanto sai um livro desses? Aposto que mais caro do que qualquer livro de um FILOSOFO de verdade. Acredito que os JURISTAS AINDA ESCREVEM FILOSOFIA PARA VENDER ou para esbanjar para os demais o quanto sao ROMANTICOS. Dai eu preferir os filosofos de carteirinha, mais preocupados com as ideias do que com a vendagem de livros ou com a mediocre sensacao de ser reconhecido pela “classe”.
Vai ver o melhor mesmo seja ler ideias de quem nao editou. Ou pelo menos nao escreveu pensando em vender os direitos patrimoniais da obra. Como afirmou Shopenhauer, eh preciso desconfiar de quem recebe para escrever. O problema eh que poucos desconfiam, limitam-se a ler, a confiar num conselho editorial.
Shopenhauer explica bem o problema. As ideias abaixo servem para entender A ORIGEM DOS AMONTOADOS DE PAGINAS QUE NAO PODEM SER CHAMADOS DE LIVROS. E mais:explica o fenomeno da VORACIDADE DOS LEITORES BURGUESES, SEMPRE PREOCUPADOS EM ACUMULAR LIVROS PARA ESBANJAR CONHECIMENTO. Segundo o mestre dos mestres:
“Ler e aprender são coisas que qualquer indivíduo pode fazer por seu próprio livre-arbítrio – mas pensar não. O pensar deve ser incitado como o fogo pelo vento; deve ser sustentado por algum interesse no assunto em questão. Esse interesse pode ser puramente objetivo ou meramente subjetivo. O último existe em questões que nos dizem respeito pessoalmente. O interesse objetivo encontra-se somente nas cabeças que pensam por natureza, para as quais pensar é tão natural quanto respirar – mas são muito raras; por isso há tão pouco dele na maioria dos homens do conhecimento”.
2)Esses dias assisti o programa “Direito e literatura”, apresentado por Lenio Streck. Falavam de Tolstoi e sua importancia para a compreensao do Direito.
O mais engracado foi a ultima pergunta. Streck perguntou ao convidado, que afirmou ser grande conhecedor da obra de Tolstoi, por que EH TAO IMPORTANTE LER TOLSTOI?
A resposta foi curta e grossa: Nao ha nada mais importante do que ler Tolstoi.
Ve-se aih IMPREGNADA A IDEIA BURGUESA DO LER PARA O LER, da leitura como um fim em si mesmo, como uma desculpa para amontar livros na instante.
Tambem assisti ao programa “ILUMINURAS” da TV JUSTICA. A excelente reporter do canal sempre vai na casa de ministros conhecer suas bibliotecas. Esses dias foram na casa do Fischer. O ministro esbanjou cultura, MOSTROU QUANTOS LIVROS TINHA LIDO E QUANTOS PRETENDIA LER ATEH O FINAL DO ANO. Explicou que lia de espanhois a alemaes… e bla bla… Soh faltou perguntar-lhe o que aprendeu em cada uma das obras que leu.
Os burgueses tendem a ASSOCIAR A LEITURA DE LIVROS A CONHECIMENTO. Nada mais equivocado. Soh posso considerar que valeu a pena ler um livro QUANDO APRENDI UMA IDEIA QUE NAO TINHA ou que nao posso aprender com a experiencia. Do contrario, serah UMA PERDA DE TEMPO ENFASTIAR-SE COM A LEITURA DE LIVROS. A historia comprova a tese. Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conheceu o sertao pelo que lhe contou Euclides, o Lula aprendeu sobre a seca ao vivo. No final, os dois ocuparam a presidencia.
Qual deles eh melhor? O melhor eu nao sei. Mas enquanto o FHC eh presidiario da propria fama que conquistou na sociologia, pois se sente na obrigacao de ler o maximo que puder, o LULA nao tah nem aih para isso. Enquanto O FHC se diverte com a leitura de um livro, o LULA prefere uma partida de futebol. Pode ateh ser que cada um se diverte como quiser. Mas, pelo que parece, A DIVERSAO DOS INTELECTUAIS NAO EH REAL. A diversao eh LER PARA DEMONSTRAR para o outro o quanto sabe mais do que o semelhante.
Viva o Lula, viva o terceiro mandato, comemoremos o fato de ser representado por um HOMEM QUE PENSA POR SI, NAO PELOS OUTROS.
Belo texto.
Uma comparação muito agradável de ser percebida.
Parabéns.
Faço coro com o Tiago: Belíssimo texto! É espantoso que tenha sido redigido por um aluno da graduação! João Humberto.
Gostei da abordagem. Torço para que ela produza no Judiciário aquele conhecido efeito da pedrinha atirada no lago. Porque se há uma coisa que encontra uma resistência cada vez maior e cada vez mais absurda, é a mentalidade constitucional. Quanto mais difundido o constitucionalismo, mais os parnasianos e dadaístas se unem para conspirar. Reparem que por trás de toda atitude, de toda postura e de todo sentimento, só existe uma de duas emoções: ou é amor, ou é medo. Não há uma terceira opção. Todas as variações decorrem de uma delas. E a Constituição, convenhamos, é uma declaração de amor. Como ouvi uma vez do Luís Roberto Barroso, melhor que um grande amor, só um grande amor correspondido.
Belo texto.
Discordo, porém, num ponto. Não existe “jurista dadá”. Esse é um ser de pura imaginação, que não existe no plano da realidade…rs.
A lógica própria do trabalho jurídico no que ele tem de mais específico não é precisamente a atividade de formalização? (e não vai aqui nenhum elogio).
O suposto “dadá” apenas se rebela contra a forma dominante, não contra a forma em si. Ele quer emplacar sua própria forma.
Aliás, já se disse que “mesmo os mais heréticos dos juristas críticos, que invocam a caução da sociologia e do marxismo para fazerem avançar os direitos dos detentores de formas dominadas da competência jurídica, como o direito social, continuam a reivindicar o monopólio da ciência jurídica”.
Prezado João Paulo,
Só há uma coisa tão importante quanto ler Tolstói. Ler Dostoiévski.
“Filósofo de carteirinha”. Não consigo imaginar idéia mais burguesa. Restringir a poder de enunciar determinadas idéias a determinado “campo” ou “grupo” não será extamente o ápice de uma visão burguesa da divisão do trabalho?
Vamos lah cristiano…
1)me diga aih algo interessante sobre Tolstoi ou do Dostoievski que o LULA nao saiba por INSTINTO.
Voce estah parecendo o LENIO STRECK… KKKKKK … a proposito, nao vai falar no GADAMER e a virada hermeneutica???
2)Burgues eh aquele que PODE SE DAR O LUCHO DE LER JURISTAS-FILOSOFOS. Nao tenho tempo, tampouco dinheiro para isso. Restrinjo-me ao que me permite minha condicao financeira: LER LIVROS QUE AMARELAM NAS PRATELEIRAS…
Sao baratos e rendem mais
Crime e castigo eh um castigo para quem le e um crime cometido por quem elogia essa porcaria.
Acha um absurdo a frase acima? Faco um desafio a voce: convenca-me em 5 linhas a ler Dostoieviski.
Esses dias estava lendo a obra “os possessos” do russo… nada mais sem graca.. Se perde apresentando os personagens… uma merda! Nesse ponto, o Tolstoi eh melhor… No restante da obra, os dois se equivalem…
Uma coisa tenho que ADMITIR. Os dois sao melhores do que o BOBAO DO Machado de Assis. Aqui nao estou sozinho. Millor tambem acha o Machado fraco. Por conta dele, os jovens sao traumatizados com a leitura. O Bentinho tinha ciumes do EZEQUIEL porque ele era BOM EM MATEMATICA, FAZIA CONTAS RAPIDO.
VAH SE DANAR MACHADO….. QUE JOVEM PODE SER OBRIGADO A LER UMA PORCARIA DESSAS… NAO HA ADAPTACAO QUE DE JEITO.
Mas aqui eu e o MILHOR perdemos. Sempre haverah IDIOTAS ESPECULANDO SOBRE A TRAICAO DE CAPITU. Tem ateh jurista querendo USAR A TRAMA para fazer MONOGRAFIA… Eh… Os estudiosos do DIREITO DE FAMILIA nao merecem credito… Pra mim eles deviam usar broches com os dizeres: DIGNIDADE JAH… nunca vi gostar tanto do tal principio da dignidade da pessoa humana como os tais ESPECIALISTAS EM DIREITO DE FAMILIA.
Agora, se vc quer falar das inteligentes aventuras de SHERLOCK HOLMES, aih concordarei com voce.
Alias, DEVIAM COBRAR SUAS HISTORIAS NAS PROVAS DE DELEGADOS DE POLICIA. Ficam cobrando Codigo de Processo Penal… aih entram delegados COM A MENTE ENGESSADA NA POLICIA… DECORADORES DE CODIGO, SEM CEREBRO, UNS MULAS. Acontece um crimezinho sem TESTEMUNHA e o delegado fica perdidasso.
Já tinha lido esse texto, realmente muito construtivo.
Certamente tenho pena de quem ler muito com o pensamento que só ai conseguirá uma preparação para a vida, pois não é necessariamente importante ler muito para se preparar para a ação, e sim pensar no que sua ação irá trazer de benefícios para um todo, mas por muitas vezes, esse juízo do que realmente vem a ser o melhor, necessita de conhecimentos para não ser fazer injustiças, porem sou do estilo que “sempre teremos tudo a ver com aquilo que tomamos conhecimento” com bem diz outro Professor meu da internet Ernesto von Ruckert, então não acho que um autor que já disse aquilo que você sabe, ou que só diz coisas bizarras merece ser evitado, mesmo que seja para refuta-lo, ele merece ser ouvido ou lido, é tudo questão de tempo disponível, pois confesso que não leio muitas obras (pois ainda não consegui largar coisas de menino: jogar bola, bater papo na rua, malhar, treinar, sair nas festas com os amigos etc), e não posso dizer qual autor e obra é necessário ser lido, gosto muito da Biografia de Malcolm X e Além do Bem e do Mal, porém não acho que seja necessário ter vivido tal sofrimento para lutar contra ele, não estive na época da escravidão, mas quando li sobre o assunto, tive ódio, e quando percebi que ela perdura até os dias de hoje, o ódio subiu pra cabeça, e como um amor vão pode gerar ruína, o ódio consciente pode verter justiça.
Então uma defesa eu posso fazer, é sobre um outro Hugo, só que esse é conhecido, e uma dica literária para meu nobre amigo João Paulo, que como diz ele mesmo, não que perder tempo. rsssssss
“Estudemos as coisas que já não existem. É necessário conhecê-las, ainda que não seja senão para as evitar. As contrafacções do passado tomam nomes falsos e gostam de chamar-se o futuro. Esta alma do outro mundo, o passado, é atreita a falsificar o seu passaporte. Precatemo-nos contra o laço, desconfiemos dela. O passado tem um rosto, que é a superstição, e uma máscara, que é a hipocrisia. Denunciemos-lhe o rosto e arranquemos-lhe a máscara.”
Victor Hugo, in Os Miseráveis
Há uma condição sentimental que se faz sempre presente no processo do conhecimento, tal qual é a marca registrada daqueles que pela insuficiência emocional de sabedoria se embevecem com as cordas grossas da mente tosca e atravessada da razão pura, fazendo predominar no mar do Direito o asco da arrogância barata, que mui se encontra aqui pelas terras tupiniquins, onde a estética é a ordem desde o estamento português, e como já diziam os antigos “vanitas vanitatum et omnia vanitas”.
Ao operador do Direito cabe a busca necessária daquilo que lhe promova a sensibilidade e um estado maior de consciência. Para os positivistas de plantão essa busca é determinadade quase como uma diretriz da alma animada pelo senso do justo, que persegue a justiça como um valor maior da coletividade, ou seja, não poderei aqui prescrever receita de bolo, mas o universo da “lei pela lei” o do “está escrito” tem seus dias agonizantes em marcha descendente. Ao ser simpatizante da lei e da justiça deve se assumir o espírito de espraiamento, sendo a literatura e filosofia passagens bem vindas.
Aos sensatos de plantão, aquela máquina onde “se põe o caso” e do outro lado sai a sentença, cede lugar ao espírito altruísta da dignidade, justiça e coletividade. Mesmo que venha a doer no tímpano dos positivistas, o Diretio é muito mais amplo que uma técnica seca onde se pode afastar ética, poesia, filosofia, literatura e todas mais que sejam o desdobramento do pensamento que ao longo anos externaram o sumo da crEatura como um todo.
Que venham a filosofia e literatura como desdobramentos da dilatação intelectual. Que seja a ética um diretriz no respaldo jurídico da direção tomada.
Prezado João Paulo,
Que bom que você aceitou minha provocação…rs.
Bem, vamos lá.
Antes, porém, me permito observar que rebater o que você diz não chega a ser algo muito difícil…rs. Eu posso contradizer uma afirmação sua utilizando outra afirmação sua três parágrafos adiante.
1) o que a intuição do Lula tem a ver com Tolstói ou Dostoiévski??!!
2) não existe livro mais amarelado (e roído de traças) do que o meu “Irmãos Karamazóvi”…
3) Estou convencido, definitivamente, de que você pertence à burguesia. O que é mais burguês do que ler livros porque “são baratos e rendem mais”?
4) seu juízo sobre “Crime e castigo” só vale pelo trocadilho…rs. No mais, o último parágrafo de sua mensagem contradiz a suposto mediocridade da obra. Qual livro pode ser mais útil a um delegado de polícia do que “Crime e castigo”? E olhe que não falo em tese. Ouvi isso da boca de um delegado federal, semana passada.
A obra não tem, para mim, essa utilidade. Mas cito o episódio porque você parece tomar o valor de uma obra pela utilidade que ela apresente aos delegados de polícia…rs.
5) confesso que quando me pediu para convencê-lo em 5 linhas, pensei em mandar vc catar coquinho…rs. Me perdoe, mas não dá para me entregar a esse exercício, sob pena de abastardar um pensador da humanidade.
6) a qual “resto da obra” você se refere? Toda a obra dos dois autores russos? Não alcanço esse debate, porque não cheguei a ler, infelizmente, toda ela.
7) quase nada é tão genial quanto a descrição que Dostoiévski faz de seus personagens. Somente apenas Stendhal, talvez, seja tão extraordinário nesse ponto.
Abraços polemizadores,
Cristiano.
1)A intuicao do LULA eh o PARAMETRO PARA AFERIR-SE A UTILIDADE DE UM LIVRO. Serah que QUE UM SUJEITO INTELIGENTE, COM BASTANTE EXPERIENCIA, sabe tudo o que os INTELECTUAIS GASTAM HORAS PARA SABER? O LULA SABE TANTO QUANTO O FERNANDO HENRIQUE SOBRE OS SERTOES, EMBORA NAO TENHA LIDO UMA LINHA DO EUCLIDES. Serah que nao sabe o restante do QUE SOBRA NA CAIXOLA DO FHC?
2)Nesse ponto, errei. Realmente, nem todo amarelado merece atencao.
3)Nao sou burgues, mas vivo numa SOCIEDADE CAPITALISTA. Daih a necessidade de adaptar-me a ela. Em vez de comprar todos os livros de FILOSOFIA, leio apenas os escritos por filosofos, de preferencia os que jah estao em DOMINIO PUBLICO.
4)Se eu nao me engano… o MATADOR DO LIVRO CRIME E CASTIGO FICA COM PESO NA CONSCIENCIA POR TER MATADO UMA VELHINHA… TREME DE MEDO NA HORA DA INQUIRICAO….
Quantos bandidos iguais a esse no mundo atual?? Aqui na periferia A BANDIDAGEM MATA UM E AMARRA OUTRO PARA GARANTIR O TRABALHO DO DIA SEGUINTE…
Vai ver um POLICIAL MILITAR, que vive no MUNDO REAL, tenha uma visao diferente.
5) O autor vale pelo que escreve, nao PELO NOME. Ha escritores que escreveram bons livros, MAS QUE TEM NO CARTEL UMAS CAGADAS. Reflexoes posteriores, obras escritas de sopetao… tudo isso pode resultar numa TRISTE OBRA, mesmo que o autor SEJA RUSSO.
Acho que a pergunta foi respondida: Mesmo a indicacao de um texto escrito por DOSTOIEVSKI gera um ONUS AO INDICADOR, o de demonstrar o MOTIVO DA EXTRAORDINARIEDADE da obra.
6)Critico soh o que li. A obra de Tolstoi: a morte de Ivan Ilitch. Uma merda! O personagem eh um juiz aburguesado, com o perdao do pleonasmo, e os SEUS ULTIMOS DIAS DE VIDA, depois de descobrir que estava com uma doenca incuravel. Nada mais banal…
7)Nao conheco o Russo a que se refere… O Dostoievski demora uma vida para comecar o texto… Acho que eh por isso que tenho tanta aversao ao autor… Nao acho que mesmo os PERSONAGENS SAIDOS de sua imaginacao merecem tanta reflexao. Mediocres como todos nos, cuja biografia nao dah mais de MEIA PAGINA. Isso se retirarmos, eh claro, A NAVEGACAO POR MARES JAH NAVEGADOS. Essas andancas nao interessam a ninguem.
ESTAh aih o erro do Dostoievski : A FALTA DE ECONOMIA COM AS PALAVRAS. Eh um autor que nao era burgues, QUE ESCREVEU CONTRA O CAPITALISMO, mas que eh INDICADO PARA burgueses… GENTE QUE NAO TRABALHA, QUE GANHA SEM SUAR, QUE PODE PERDER TEMPO COM A LEITURA…
Os burgueses tem tempo ateh para CAFES LITERARIOS. Uma discussao sobre a pobreza no mundo, os absurdos do mundo contemporaneo. Eh claro, a parte principal desse BATE-PAPO eh as bajulacoes aos grandes escritores que trataram sobre o tema da exploracao do homem, sobre a arte da bontade, de dar sem pensar na recompensa… Nessas discussoes sao REGADAS com CHA E BOLACHAS…
Os participantes dos Cafes literarios sao reconheciveis mesmo fora desse habitat, que tanto lhe agradam. SERES COM ARMACOES GROSSAS DE OCULOS… CAMISAS XADREZ E UMA CAMISETA POR BAIXO… Vivem um personagem… do tipo que nao ESTAH NEM AIH PARA OS MODISMOS, TAMPOUCO PARA O DINHEIRO. No entanto, gastam rios de dinheiros com PAPEIS NUMERADOS COM CAPA, QUE DENOMINAM LIVROS… TEM SEDE DE CULTURA…
Eh claro que nao se divertem com isso. Preferiam estar noutro lugar, jogando bola, paquerando… mas SAO MEDROSOS. Afinal, um livro nao lido PODE ENVERGONHA-LOS NUMA RODA DE BATE PAPO. A sensacao de PODER, DE SUBMETER OS DEMAIS COM A ENXURRADA DE CITACOES, faz valer a pena cada DIA PERDIDO NUMA BIBLIOTECA.
O final desses homens eh o mesmo: SE adquirem a fama, ganham uma capa no jornal.. se anonimos, ganham uma nota no jornal local, caso o acidente tenha sido grave, eh obvio.
Muitos nao chegam a escrever livros… Esses nao dao trabalho para a HISTORIA, pois nao chegaram a entrar nela. Os demais sao julgados pelo TEMPO. Muitos ficarao na MIDIA, nas bibliotecas amarelando sem nenhum merito, apenas pela bajulacao alheia. Por conta da unanimidade burra, 200 ou 300 anos eh pouco para descobrir se os denominados BONS ESCRITORES GANHARAO lugar cativo na historia. Acho que uns 500 anos seja suficiente PARA DAR UM JUIZO HONESTO E IMPARCIAL SOBRE UMA OBRA QUE VALHA A PENA.
GEORGE,
A ANALOGIA PROPOSTA É DE UMA LUCIDEZ IMPRESSIONANTE!
TRAZENDO SEU ENSINAMENTO PARA O PROCESSO CIVIL, OS PARNASIANOS SERIAM OS ESTUDIOSOS AFERRADOS AO PROCESSUALISMO; OS DADAÍSTAS, POR SUA VEZ, SERIAM OS “INSTRUMENTALISTAS” MAIS OUSADOS E RADICAIS; E OS ADEPTOS DO ROMANTISMO, POR FIM, PERTENCERIAM À TURMA DO DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL.
PARABÉNS PELO TEXTO E CORDIAIS SAUDAÇÕES DO LEITOR CAPIXABA.
Prezado João Paulo,
Vejo que minha provocação, mais uma vez, deu certo, e alongou mais um pouco essa divertida polêmica.
1) “A intuição de Lula é parâmetro para aferir-se a utilidade de um livro”. Não consigo retrucar, apenas rir.
Sou admirador do governo atual, mas assim é demais!!…rs
Inteligência não tem nada a ver com erudição (nisso concordamos inteiramente). Ótimo. Dito isso, porém, tomo a liberdade de lhe dar um conselho (que temeridade!): não confunda inteligência com FALTA de erudição.
2) há edições recentes, em papel macio e cheiroso…rs.
3) Declino, mais uma vez, da honra de convencê-lo a ler Dostoiévski.
Dizia Petrarca que arde bem pouco, aquele que sabe o quanto arde. Pois eu digo que vale muito pouco uma obra que pode ser explicada. É ordinária, e não extraordinária, uma obra que pode ter sua “extraordinariedade” bem resumida e demonstrada. Seria como pretender descrever e explicar as belezas da natureza (ou seja, seria preciso fazer um poema).
Quando Schopenhauer, num ensaio, pretendeu apontar as falhas do pensamento de Kant, advertiu, antes, que é possível alcançar os erros de um obra genial, mas que a genialidade em si da obra não se deixa capturar.
Acho que você critica Dostoiévski com a paixão e a convicção de quem ignora. A ênfase de quem desconhece.
Chega a doer no coração ouvir que “A morte de Ivan Ilitch” é uma merda. E me lembra uma história deliciosa contada pelo professor João Maurício Adeodato. O professor pernambucano foi aluno de Miguel Reale (a respeito de quem não consigo nutrir muita simpatia, mas que nessa história exibiu um humor sensacional). Pois bem, numa aula em que discorria sobre alguns pontos da filosofia platônica, Reale adivinhou que os alunos pudessem achar aquilo um rematado absurdo. Parou a aula com um sorriso e lançou: “meu filho, se você acha Platão um idiota, cuidado!, o idiota pode ser você…”. O auditório caiu na gargalhada.
4) Se existiu alguém que investigou a fundo a crueldade e a maldade do ser humano, esse cidadão foi Dostoiévski. Saiba que é dele a frase: “compara-se muitas vezes a crueldade dos homens à das feras, mas isto é injuriar as feras”. Se você acha que matar uma velhinha é pouco, a obra de Dostoiévski está recheada de outros exemplos mais drásticos, que talvez lhe satisfaçam a necessidade de “REALIDADE”.
5) Você se engana. O “ônus da prova” é todo seu. Quando Nietzsche refere-se a Dostoiévski como “o único psicólogo com quem tenho algo a aprender”, Nietzsche transferiu para você, João Paulo, o ônus de provar que Dostoiévski é um imbecil.
6) Confesso a você que esse item 6 foi uma armadilha, uma malandragem de minha parte…rs. Porque, como disse, percebi que você tinha a ênfase de quem ignorava.
No mais, desconfio que você leu “A morte de Ivan Ilitch”, que é apenas um conto, uma coisa muito breve, para ter a oportunidade de dizer que Tolstói é uma merda. Faço um desafio: leia “Guerra e Paz”. Depois você vai poder continuar dizendo que Tolstói é uma merda, mas isso vai lhe custar pelo menos três meses numa leitura altamente exigente…rs.
De todo modo, lembre-se daquela advertência de Hugo de São Vítor, o padroeiro dos estudantes: “vocês se gloriam de ter visto Platão, não de tê-lo entendido”.
7) Você não conhece o russo Stendhal. Provavelmente porque Stendhal não é russo.
***
Por mais que seja tentador, para mim, dizer que Dostoiévski é “objetivamente” um escritor genial, contento-me em dizer que para mim, “subjetivamente”, ele é um escritor genial. No fundo, acredito que as obras de Dostoiévski são “objetivamente” geniais, mas me contento com o fato de ter, a partir delas, descortinado muitas coisas que antes eram obscuras.
Saudações polemizadoras,
Cristiano.
DEVERIA CONSTAR NA CAPA DE CADA LIVRO UM AVISO; muito parecido, alias, com o que aparece nas CARTEIRAS DE CIGARRO:
O MINISTERIO DA SAUDE ADVERTE, A LEITURA PODE TRANSFORMA-LO NUM CHATO!
“Vanitas vanitatum et omnia vanitas” Vaidade vaidade tudo no homem é vaidade. Assim como era, ainda o é.
A “discussão” acima travada entre o João Paulo e o Cristiano, a meu pesar, não chegou a qualquer resultado palpável, esclarecedor, embora, reconheça-se, pareça partir de pessoas que tem um certo “conhecimento” e que vivem o direito.
Afinal, o que devemos extrair de todo esse embate, que parece ter de um lado um sofista e de outro um filósafo grego???
Ficar debatendo sobre a necessidade de se conhecer a fundo essa ou aquela obra, se tal ou qual escritor tem em sua obra uma fonte de aprendizado ou não, aprendizado necessário ou não, é mero casuísmo.
O ponto nuclear da questão é: a concretização jurídica dos direitos fundamentais e do direito como um todo é melhor implementada por juristas “parnasianos, dadaístas ou românticos”?
E até onde pode influir, para o bem ou para o mal, o excesso de leitura e abstensão da realidade; alguma leitura e alguma vivência cotidiana; ou a falta de leitura e o excesso de vivência social???
Essa resposta deveria ser dada com exemplos, vez que a explicitação conceitual do que seja isso ou aquilo, do que vale isso ou aquilo, acaba por findar na forma descritiva conceitual em si. Não leva a lugar algum.
Por isso, tendo gostado da discussão que se travou e por ser avesso ao excesso de leitura enquanto leitura em si, por acreditar que as relações sociais do cotidiano podem ensejar uma gama de conhecimento que de outra forma não pode ser adquirido, por acreditar que a vivência grupal trabalhada leva a resultados, por acreditar que a subjetividade de cada um encerra limites transponíveis e intransponíveis, acho que vocês estão falando a mesma coisa em sentido diverso, no que pese minha contradição.
Um dizendo que a leitura não é suficiente ou mesmo não é caminho para a realização epistemológica, outro afirmando que a leitura é sim o caminho para o crescimento intelectual. Ambos concordam, entretanto, que se chega, de uma forma ou de outra, ao conhecimento. E a atuação social, como fica, quais as implicações de uma e da outra corrente?
Para que fique esclarecido que posição vcs assumem, e para fugir ao formalismo conceitual, exemplifiquem, com personagens, o que estão a dizer.
É Lula ou FHC, é Joaquim Barbosa ou Gilmar Mendes, Paulo Freire ou sei lá o que…??? Fidel Castro ou Bush, Barack Obama ou Hugo Chavez?? Senador Suplicy, que é da rua ou Senador Mão Santa, que se diz do povo mas na verdade não passa de leitor assíduo de grandes obras literárias??
Aguardo esclarecimentos e desculpem o anonimato. Esse primeira vez que comento e acredito que assim manterei a distância pretendida. Não quero fazer parte do debate, quero apenas a conclusão das idéias que achei interessante.
Por fim, assumo que minha posição não está nem com o João Paulo nem com o Cristiano, nesse caso sou um romântico, nem lá nem cá.
Saudações.
Uma coisa mais, essa uma pergunta ao Dr. George:
Sabemos ser praxe entre a classe de magistrados a disputa entre quem eh mais ou menos erudito, quem lê mais ou menos e por ai vai…
Gostaria de saber se Vossa Exclência – tratamento que uso por força do costume, a qual não concordo e que não deixo de utilizar por medo de retaliação, esse mais um motivo para não me apresentar – se em algum caso concreto, com os autos às mãos, “você” chama a parte para uma conversa ou vai observar a situação in loco, tenta, em uma conciliação, agir como verdadeiro conciliador?
Essa perguntas que faço pra tentar conhecer um pouco mais de quem tenho lido ultimamente.
George,
nao sei quanto se te é util analises americanas acerca das leis. Recentimente vi dois livros que me pareceram muito interessante acerca da questao legal: Jeremy Waldron, Law and Disagreement; Lorenzo Zucca, Constitutional Dilemmas
Nao sei se voce ja os conhece. Caso nao, espero que tais livros o agradem.
Google books:
Waldron: http://books.google.com.br/books?id=fO5Oth_WDsgC&printsec=frontcover&hl=de&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=false
Zucca (Amazon.com): http://www.amazon.com/Constitutional-Dilemmas-Conflicts-Fundamental-Rights/dp/0199552185/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1259338503&sr=8-1
Direito e Literatura tem tudo a ver. Ao peticionarmos, sentenciarmos, ou produzirmos qualquer texto, estamos produzindo textos científicos mas por que não faze-lo com verve literária.
por outro giro. Também sou professor universitário e podemos deixar as aulas mais interessantes ao debatermos os aspectos jurídicos que a literatura possui. No Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP – onde atualmente coordeno o curso de Direio – realizamos um “Café Jurídico” onde uma professora de literatura apresentou a parte literária do conto “O Lixo” de Luis Fernando Veríssimo, e o professor de Direito debateu com os alunos as questões jurídicas que poderiam estar no texto. Obviamente ao final foi servido café, leite e biscoitinhos aos convivas.
1)”Obviamente ao final foi servido café, leite e biscoitinhos aos convivas”. EU JAH SABIA!!! KKKKKKKK
2)Vou ter que contar uma historia aqui. Essa eu nao consigo segurar. E mais: tem tudo a ver com o tema proposto pelo GEORGE. Desculpe aih excelencia, mas nao tenho outro lugar para me expressar.
Estava ainda no 3 semestre… Era uma sexta feira seguinte a um feriado. Como estudei em faculdade particular, poucos foram para a aula. A maioria dos endinheirados cascaram fora ainda na quinta para CALDAS NOVAS, reduto dos burgueses de brasilia.
Pois bem. O professor resolveu passar um FILME sobre o ciclo do lixo. Nao me lembro o nome desse filme, mas eh bem famoso. Eh logico que soh passou o filme para enrolar… e nao ter que repetir tudo de novo na semana seguinte. Pouco importa.
Como o filme eh bem curto. O professor fez a seguinte provocacao APOS A CENA EM QUE OS POBRES COMEM LIXO DOS BURGUESES: E se eles te perguntam o que eh direito? O que voces respondem para eles?
Levantei imediatamente o dedo e disparei: Professor, eu diria para os COMEDORES DE LIXO que o Direito eh feito para que eles nao compreendam nada sobre essa TAO BELA CIENCIA. Ha uma DISPUTA PROPOSITAL ENTRE O LEGISLADOR E OS JURISTAS QUE OS IMPEDE DE CONHECER QUALQUER COISA SOBRE O DIREITO.
As normas tem que ser escritas num dialeto proprio. Aos juristas cabem complicar ainda mais a linguagem do legislador. Se o legislador escreve “DESTA FORMA”, O JURISTA ESCREVE DESTARTE. Se o legislador escreve “em vao”, o jurista socorre-se do “DEBALDE”. A briga nao para por ai. Se a lei fala em “ALEM DISSO”… O JURISTA POE “ADEMAIS”… Quando o “ademais” eh escrito mais de duas vezes no texto – se o jurista escreve ADEMAIS DEMAIS – colocam um “DE MAIS A MAIS”.
O professor nao estava gostando nada do rumo que a conversa ia tomando… Afinal, ainda faltava UMA MEIA HORA PARA AULA ACABAR… Como ninguem queria abrir o bico, acabou me dando mais trela ainda… Resolvi falar um pouco mais, estava puto nesse dia…
Resolvi meter o pau tambem nos advogados. Como a discussao tinha ares filosoficos… fora das linhas do direito positivo, resolvi CRITICAR O FATO DE A CONSTITUICAO EXERCER JUIZO DE VALOR SOBRE OS ADVOGADOS, CONSIDERANDO-OS ESSENCIAIS. Nunca entendi bem A RAZAO DE O CONSTITUINTE TER BAJULADO OS ADVOGADOS e nao outros profissionais tambem essenciais. Por que nao ha referencia aos GARIS na Constituicao? Eles nao sao essenciais para a limpeza urbana e para o bem estar da populacao? E os engenheiros? Nao sao eles que acomodam os advogados em suntuosos predios, para que esses possam trabalhar no bem bom? O que dizer dos acougueiros… que trabalham duro para cortar a MELHOR PARTE DO BOI para o churrasquinho do fim de semana, possibilitando que os JURISTAS TROQUEM IDEIAS e comecem a semana revigorados.
Eh logico que eu nao ia falar dos acougueiros. Isso iria parecer um discurso de SOCIALISTA CONTRA A PROTECAO LEGAL DO ESTADO A PROFISSOES BURGUESAS. Nao queria me passar como tal… Sou tambem um capitalista desgracado… louco para ganhar uns juros de aluguel e explorar meu semelhante…
Aih me veio a ideia de FALAR NAS PROSTITUTAS. A tese era a seguinte: AS PROSTITUTAS SAO MAIS ESSENCIAIS QUE OS ADVOGADOS… Queria causar impacto… Alem disso, tinha acabado de sair de uma aula DE DIREITO PENAL sobre CRIMES CONTRA OS COSTUMES… ERA MAIS UMA AULA DE MORAL DO QUE DIREITO PENAL… DE ESTARRECER O NELSON HUNGRIA sem duvida…
Quando levantei a tese, o professor se emputeceu… olhou para o relogio, mas para azar do ADVOGADO-PROFESSOR, ainda faltavam uns 10 minutos para soar o sinal….
Acabou me dando novamente trela… Seu olhar caido e fala malemolente me causaram a impressao de que FACILMENTE REBATERIA MINHAS IDEIAS… Jah Eu estava pouco me fudendo… e acabei soltando essa PEROLA:
As prostitutas sao mais essenciais do que os advogados. Senao, vejamos:
A prostituta faz um servico que JAMAIS ALGUEM CONSEGUIRAH FAZER SOZINHO. Jah o advogado, como EH IMPOSTO PELA LEI, faz coisas que MUITOS CONSEGUEM FAZER SOZINHOS. Nao parece que alguem consiga fazer SEXO SOZINHO. Pode-se ateh se fazer uma simulacao… mas os experimentados sabem que o prazer individual estah bem aquem das aventuras A DOIS. Jah os advogados nem sempre tao essenciais assim. Um bom jornalista pode sim escrever uma boa peticao, contando muito melhor os fatos, E FAZER O PEDIDO NO FINAL. Quantos casos juridicos requerem CONHECIMENTO JURIDICO ALEM DO QUE ESTAH NO GOOGLE ( A FONTE ESSENCIAL DE CONSULTA DOS ADVOGADOS)? Essa ferramenta nao eh disponivel para qqr mortal? Sem falar nos casos envolvendo quantias menores do que 20 SALARIOS MINIMOS, EM QUE OS ADVOGADOS SAO DISPENSAVEIS.
Encerrei: PUTA BARATA OU CARA… NAO IMPORTA… SEMPRE QUE HOUVER PRESTACAO ONEROSA DE SERVICO SEXUAL, HAVERA TRABALHO ESSENCIAL PARA O FREGUES.
Aih o professor nao aguentou: filho, voce eh um doente mental… Vah tomar uma aguinha ali, vai, anda!
Grande anonimo,
Nao passo de um ex-estudante recem formado. Nao tenho a minima experiencia na area juridica…
Voce errou nessa eim? hehe
Quanto as diferencas entre mim e o Cristiano, posso elencar 2:
Soh pego em livro quando faltam ideias na caixola. Nao tenho livro de cabeceira, portanto. Jah o Cristiano, pelo tanto de autores que citou…
Prezado VT,
Espero que não seja eu o sofista a quem você se refere…rs.
Em parte, eu e o João Paulo estamos dizendo a mesma coisa, e em parte estamos dizendo coisas totalmente, absolutamente, irremediavelmente diferentes.
No que estamos de acordo? Que a inteligência ou a sabedoria não tem nada a ver com a erudição, com a ciência, com a literatura, ou com qualquer outra coisa que o valha.
Aproveitando os nomes que você mencionou. Para mim, Lula é um estadista, ao contrário de FHC. Se você quer um exemplo, é com esse que ilustro o que já disse acima: inteligência não tem nada a ver com erudição. Virtude e caráter, do mesmo modo, não tem nada a ver com erudição (nem mesmo com inteligência).
No capítulo XXVI dos seus “Ensaios”, sob o título “Pedantismo”, Montaigne lança a seguinte indagação: “Mas como pode ocorrer que uma alma enriquecida de tantos conhecimentos não se torne mais viva e esperta, e que um cérebro vulgar e grosseiro armazene, sem se apurar, as obras e juízos dos maiores espíritos que o mundo produziu?” O mesmo Montaigne em seguida confessa: “Ainda não o entendi muito bem”.
Se Montaigne não entendeu, tampouco eu conseguirei entender. Mas o fato é esse mesmo. Muita leitura não implica, automaticamente, sabedoria ou iluminação.
Mas a minha divergência com João Paulo, que também expliquei, é no sentido de que inteligência também não tem nada a ver com FALTA de erudição. A ausência de instrução, não é, por si só, o apanágio do sábio. Isso é forçar um pouco a barra.
Essas duas afirmações (“erudição não é inteligência” e “falta de erudição não é inteligência”) têm de estar lado a lado. Uma sem a outra fica incompleta, e as duas significam uma só e mesma coisa: inteligência e erudição atuam em planos totalmente diversos.
Dito isso, podemos entrar no que o texto do George quis provocar. Acho que o artigo pretende discutir o seguinte: as grandes obras da literatura universal podem fazer de um jurista, um jurista mais sábio?
Veja que o livro mencionado, “Poetic Justice”, segundo o George, parte da idéia básica de que “os grandes romances da literatura mundial estão cheios de ingredientes (personagens, histórias, emoções, valores, culturas) capazes de contribuir para estimular as emoções corretas para um bom julgamento”.
Não tenho dúvida que a literatura torna mais aguçada uma ferramenta básica do jurista: o poder de argumentação, a facilidade de exposição.
A minha dúvida é se está correta a tese do livro, qual seja, se a literatura pode aperfeiçoar não apenas a capacidade de convencimento, mas também a qualidade do julgamento em si do jurista.
Dar crédito a Montaigne é responder pela negativa. Afinal, uma alma grosseira pode entrar em contato com sentenças de grandes pensadores da humanidade, e continuar grosseira.
De minha parte, asseguro que alguns livros me ajudaram a descortinar coisas que antes estavam obscuras. Há livros que nos ajudam a ler pessoas. Tais são os de Tolstói e Dostoiévski, por exemplo, injustamente espinafrados pelo João Paulo. Então eu não posso, simplesmente não consigo, desprezar tais livros, ainda que eu admita que os livros, por si só, não tornem ninguém mais sábio ou mais inteligente.
Sem conseguir responder às indagações do texto do George, limito-me a afirmar que, depois de “Irmãos Karamazóvi” e “Anna Karenina”, por exemplo, passei a compreender algumas coisas e a enxergar outras tantas. Isso já me deixa grato aos dois autores esculhambados, e me motivou a homenageá-los, provocando o João Paulo.
Prezado João Paulo,
Lá vai mais um conselho…rs.
Não se gabe de só pegar livros quando lhe faltam idéias. Você pode ter muitas idéias, e nenhuma delas ser boa…rs. Talvez os livros ajudem a melhorar as idéias que você já tem (ao que parece em abundância…rs).
saudações
Cristiano,
Soh acho gozado o seguinte. Shoppenhauer e Nietzsche tinha visoes completamente diferentes sobre o homem. O primeiro achava a vida sem graca, a ponto de nao merecer sequer uma gota de preocupacao, nem mesmo a HONRA DO SUICIDIO. O segundo achava a vida magica, desde que vivida sem a veneracao de falsos “idolos”.
O engracao mesmo eh essa parte. Os dois concordavam num ponto: A LEITURA NAO EH UMA BOA COISA PARA OS ASPIRANTES A SABEDORIA
Olha o que Shopp disse: “OS ERUDITOS SAO AQUELES QUE LERAM COISAS NOS LIVROS, MAS OS PENSADORES, OS GENIOS, OS FACHOS DE LUZ PROMOTORES DA ESPECIE HUMANA SAO AQUELES QUE AS LERAM DIRETAMENTE NO ‘LIVRO DO MUNDO””
Nietzsche, por sua vez, no auge da “loucura” – SABEDORIA- afirmou: O ERUDITO GASTA TODA A SUA ENERGIA EM DIZER SIM E NAO, NA CRITICA DAQUILO QUE JAH FOI PENSADO – ELE PROPRIO NAO PENSA MAIS. […] VI COM MEUS PROPRIOS OLHOS: NATUREZAS BEM DOTADAS, RICAS E PROPENSAS A LIBERDADE, JAH AOS TRINTA ANOS ‘ARRUINADAS PELA LEITURA’, TRANSFORMDAS EM SIMPLES FOSFOROS QUE EH PRECISO ESFREGAR PARA QUE PRODUZAM ‘CENTELHAS’ – ‘PENSAMENTOS’. – Logo cedo pela manha, quando se estah no frescor do dia, na aurora da propria forca, ler um livro – a isso chamo VICIO!
Nao quero cair no mesmo equivoco. Remoendo e justificando as ideias jah pensadas. Soh faco isso por necessidade. Afinal, essas licoes vindas por mim soariam como um grito de guera de um JOVEM REVOLTADO.
Por isso quero avancar nas ideias dos dois, QUE SOH CAPTARAM A APARENCIA: O MAL DA LEITURA EM SI. Se a leitura eh tal mal assim, por que tantos perdem tanta parte assim com ela?
Shop respondeu de forma bastante sutil a pergunta, afirmando que: muitos leem bastantes livros apenas para nao cairem no tedio. De fato, enquanto a ociosidade do genio gera GRANDES OBRAS PARA A HUMANIDADE, a ociosidade do mediocre gera o TEDIO.
Pra mim, o leitor voraz nao eh um homem NA FUGA DO TEDIO, mas um MEDROSO. Vive com medo de nao ser reconhecido pelos colegas COMO UM INTELECTUAL. O medo eh tanto que nao pode desgarrar de um livro, nem um momento sequer. Tem que lotar a biblioteca… enfileira-los. Mostrar para os amiguinhos como leu, como ESTAH AUTORIZADO PARA FALAR DUM ASSUNTO.
Isso tem um preco, eh obvio. O preco eh a amargura e a chatice. Os intelectuais sao mal humorados . Afinal, passam o dia AGINDO CONTRA A VIDA, pregando moralidades, discutindo pensamento alheios. ELES TEM VIDA, NAO VIVEM. Prezam o substantivo e o adjetivo (POSSE), NAO O VERBO.
João Paulo,
Para saber o que pensavam Nietzsche e Schopenhauer, você recorreu à leitura. Nietzsche e Schopenhauer leram e escreveram livros.
Partindo dessa constatação óbvia, será que você não percebe o quanto são frágeis suas conclusões?
O que Schopenhauer e Nietzsche quiseram evitar foi a confusão de sabedoria com cultura livresca. Desde logo lhe informo que não foram os únicos, nem os primeiros. Tudo depende de como os livros são lidos.
De todo modo, como não tenho aspiração de ser sábio, nem tenho pretensão de ser um gênio solitário, incompreendido pelo meu tempo, me permito ler por deleite, por tédio ou por medo (seja lá o que isso signifique…rs).
Parece muito cansativa (e chata) essa coisa de ter que ter idéias geniais, “ter vida”, o VERBO!, a ação, etc.
Saudações
Cristiano, em alguma coisa temos que concordar:
1- que o João Paulo tem idéias, digamos, “quebra de ordem”;
2- que realmente ele se contradiz em suas constatações, na medida em que tem que recorrer à leitura, “intelectualizar”, para poder refutar. Nisso vc tem absoluta razão, no entanto, outra abordagem deve ser escancarada, e aqui, Cristiano, fica parecendo que você não enxerga o óbvio. Salta aos olhos que o tal JP admite a leitura, mas a utiliza para ridicularizar quem a defende com a intransigência do alienado intelectualizado.
No que pese a posição adotada pelo JP, a qual não concordo plenamente, o que ele diz apenas reflete nossa realidade acadêmica, reduto de pseudo intelectuais, que se escondem atrás de livros para Justificarem sua atuação, na grande maioria das vezes totalmente alheia à realidade. E isso não é discurso barato, é a verdade. A grande mídia ainda é a condutora de raciocínio. Adequa-se o excesso de leitura à grande mídia e ao sistema educacional e tudo está resolvido. Raras são as exceções que estão por aí.
Isso é que tem que ficar claro. Quanto a isso não cabe contra argumentação. É pura evidência.
Basta ver nossa grade curricular e a mecanização do ensino. VeJa-se o exemplo das escola Jurídicas, dos concursos, são todos métodos adestradores. A sabedoria foi abandonada, busca-se o enquadramento. Vc deve presenciar isso Cristiano. Estamos cheio de “como passar nos concursos”. Ainda bem que existem exceções. Muitas até, só que escondidas, caso contrário podem ser tratadas por loucas ou “comunistas”. Se bem que o JP tem um que de Hugo Chaves…
Muito interessante o texto,gostei das comparações.E dever de qualquer ciência …Mas como você mesmo disse você faz parte do grupo dos românticos…Os comentários foram ótimos. Argüição bem fundamenta e importante para este, ainda acadêmico.
George,
Muitos juizes anulam negocios juridicos por ofensa a MORALIDADE. Jah pensou sobre o tema? Embora haja expressa previsao legal sobre o assunto, NAO EH FACIL APLICAR A NORMA, tendo em vista que o juiz deverah socorrer-se de alguma “MORAL” para nulificar o negocio. E mais: a discussao respinga nos direitos fundamentais, jah que uma APLICACAO INCORRETA DA NORMA PODERIA restringir o direito fundamental a liberdade, que envolve, sem duvida, o direito de praticar todos os negocios juridicos do mundo.
Sei que suas pretensoes sao maiores, jah que pretende fornecer fundamento para a aplicacao de qualquer NORMA ENVOLVENDO MORAL, mas esse jah eh um exercicio.
Escrevi um artigo sobre “compra e venda” monografia: consequencias civeis e criminais, onde AFIRMO QUE O JUIZ NAO PODE NULIFICAR esse negocio por ofensa a moralidade. Se puder dar uma olhada no ITEM 2.1, onde abordo a questao, agradeceria bastante.
Como tenho uma vaga nocao sobre etica e moral, EH BEM PROVAVEL QUE EU TENHA FEITO UMA CAGADA ao analisar o tema.
O artigo estah disponivel em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13941
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