Embromacionismo do metadiscurso neoconstrutivista: uma abordagem pós-sokaliana da intratextualidade jurídica


“A modernidade estabeleceu horizontes de sentido; que constituíram cada indivíduo nas épocas como um fragmento dessas significações. Os sentidos da modernidade foram os produtos da realidade chamada moderna. Configuraram o mundo e as condições de existência da modernidade. Participamos da realidade moderna como uma parte de suas próprias significações. Fluxos, intensidades, rizomas dos sentidos da modernidade. Nossa subjetividade forjada como uma porção da rede de significações da modernidade. Uma subjetividade coletiva que nos envolve como parte, marca o o território existencial desde onde desejamos, desde onde buscamos o outro para amá-lo, dominá-lo ou exterminá-lo”.

Alguém pode me explicar o que cargas d’água significa o texto acima?

Extraí aleatoriamente (juro) de um livro de um dos jusfilósofos mais respeitados do Brasil. Não vou dizer quem é, até porque é desnecessário para os fins que pretendo alcançar. Podem ser muitos, já que esse estilo de linguagem é relativamente comum nos textos de filosofia do direito.

O referido livro foi um dos meus maiores traumas na graduação. Quando tentei lê-lo pela primeira vez (aliás, nunca passei nem da segunda página), me senti a pessoa mais burra do mundo. Simplesmente não entendi nada.

Mas hoje, finalmente, fui iluminado com uma revelação que fez tudo ganhar sentido. E como sou bonzinho, vou compartilhar com vocês a minha descoberta antes que fiquem loucos tentando decifrar o significado daquelas enigmáticas palavras. Eis minha descoberta: é bastante provável que o texto não faça mesmo o menor sentido!

Descobri isso após a leitura do artigo “O Pós-Modernismo Desnudado”, de Richard Dawkins, publicado no livro “O Capelão do Diabo”, que, por sua vez, me levou a descobrir uma divertida pegadinha feita pelo físico Alan Sokal.

Sokal teve uma idéia brilhante: escreveu um texto totalmente nonsense, inserindo vários chavões da moda “pós-modernista”, onde misturou conceitos matemáticos e físicos com sociologia e filosofia sem qualquer lógica ou coerência científica. O título do artigo: “Transgressões das Fronteiras: por uma hermenêutica transformativa da gravidade quântica”. Nas referências bibliográficas, vários pensadores da moda.

Logo em seguida, Sokal remeteu o texto para uma importante revista norte-americana chamada “Social Text”, cujo conselho editorial, por incrível que pareça, caiu como um patinho na brincadeira e publicou o artigo como se fosse sério! Graças a isso, os referidos editores ganharam o Prêmio IgNobel, que é dado para os maiores micos científicos do ano. O artigo, em inglês, pode ser lido aqui.

O autor explicou sua intenção em artigo publicado na Folha de São Paulo (aqui), criticando uma versão dos fatos que foram distorcidos por Roberto Campos no mesmo jornal (aqui).

A idéia era desvendar a hipocrisia do discurso filosófico da atualidade, que, muitas vezes, é vazio de significado, ainda que vestido com pomposas vestimentas literárias.

Ainda no texto “O Pós-Modernismo Desnudado”, Dawkins faz uma crítica arrasadora a Lacan, que seria um desses pensadores da pós-modernidade que não diz coisa com coisa. Dawkins cita um texto de Lacan, em que o pensador francês defende que S (significante) dividido por s (significado) é igual a s (o enunciado). Com S = (-1), tem-se que s é igual a raiz quadrada de menos 1.

O comentário nada sutil de Dawkins: “não é preciso ser matemático para perceber que isso é ridículo. (…) O autor dessa tolice é um tapeador” (p. 93). Achei o máximo. Aliás, a fórmula de Lacan me lembrou um pouco de uns textos de um conceituado jurista alemão, bem famoso aqui no Brasil… Deixa pra lá.

Para mim, descobrir isso foi um alento, embora eu esteja me sentido também como um “trouxa” que acabou de descobrir que caiu no golpe de um estelionatário. Quer dizer que esse pessoal estava me enganando o tempo todo?

Tudo bem. Talvez Dawkins esteja exagerando e, no fundo, esses pensadores sejam mesmo gênios e nós totalmente estúpidos para entendê-los. Essa é uma hipótese plausível.

Mas prefiro pensar diferente, até como técnica de auto-valorização. Prefiro achar que os juristas/filósofos que fazem questão de escrever de forma incompreensível são, na verdade, impostores intelecutais que não têm nada a dizer e que se escondem por detrás de um discurso surreal para camuflar a sua falta de conteúdo.

Logicamente, essa generalização é falha. Conheço pessoalmente grandes juristas que são eruditos e, ao mesmo tempo, geniais. Mesmo assim, ainda prefiro acreditar que a clareza e a simplicidade da argumentação são pressupostos para um debate honesto e democrático. Do contrário, tudo não passa de uma metanarrativa pseudo-emancipatória para uma refratação opaca da realidade semi-objetiva.

Ah, e quem quiser fazer um artigo ligado à “pos-modernidade” é só clicar no endereço abaixo, que o site, randomicamente, elabora um texto inédito em inglês, que certamente agradará a muitos professores de filosofia, embora não faça o menor sentido: http://www.elsewhere.org/pomo/

Simplesmente, hilário.

Para aprofundar:

http://www.physics.nyu.edu/faculty/sokal/folha.html

Para uma crítica a Sokal:

http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/pdf/numero12/episteme12_artigo_guerrieri.pdf

17 comentários em “Embromacionismo do metadiscurso neoconstrutivista: uma abordagem pós-sokaliana da intratextualidade jurídica”

  1. Putz Big George,
    as postagens de hoje merecem ser arquivadas na pasta “a mão que afaga é a mesma que bate”. Você reproduz a clássica distinção Alexyana de princípios e regras e, na mesma tacada, relembra aquelas formulações matemáticas malucas do autor que integram a “Teoria dos Direitos Fundamentais”… Ou será que esse “conceituado jurista alemão, bem famoso aqui no Brasil” não é ele?
    Todos os leitores do blog aguardam ansiosamente pela revelação!

  2. É verdade, Driconildes. Nem percebi o choque de idéias entre os dois posts, até porque o primeiro (sobre os princípios) foi escrito há mais tempo.

    Mas aqui pra nós: o “Teoria da Argumentação Jurídica” é uma viagem só.

    Já o “Teoria dos Direitos Fundamentais” é um pouco menos árido, embora também contenha umas passagens meio obscuras.

    Só um detalhe: a citação inicial do post não é do Alexy. É mais embaixo…

  3. Caro George,
    Muito bom o post. O Prof. Arnaldo já me havia falado a respeito desse truque para revelar a farsa de muitos dos que “falam difícil”.
    Acho que muitos não falam difícil porque querem, porque queiram esconder ignorância (embora seja o caso de uns e outros), mas porque não têm a menor preocupação em ser claros e porque não têm mesmo certeza do que estão a dizer. Afinal, quando dominamos bem alguma coisa, conseguimos explicar seu significado de forma simples.
    Outro problema grave é de tradução. Algumas são terríveis, e o “truncado” do texto é culpa integral do tradutor. Você já tentou ler o teoria da argumentação, do alexy, em inglês? É bem melhor de ler, mesmo para quem não tem grande domínio da língua. Talvez por isso você prefira o teoria de los derechos fundamentales, pois o tradutor espanhol caprichou mais. Algumas traduções no Brasil parecem feitas pelo computador…
    Quanto ao pior autor de todos (no quesito clareza, por favor), líder de obscuridade, Habermas, confesso que há traduções menos ruins que a do “Entre faticidade e validade” que revelam não ser o estilo dele tão péssimo como parece. Em aulas com o Prof. Luis Moreira e com o Rochinha, tirávamos dúvidas sobre o sentido de certos trechos de Habermas comparando-os com o do livro do prof. rocha, em francês. Eu, que não falo bem o francês, lia, confesso, melhor o livro dele.
    Mas, pondo de lado essas considerações, que tem por aí muito palavreado difícil para ocultar ignorância, ah, isso tem… Em Direito Tributário, então, há autores ilegíveis…
    Só me lembro de Descartes, que dizia primar pela clareza, não fazendo como o cego que, para lutar com igualdade de condições com o vidente, o arrasta para uma caverna escura… Há tantos bons autores que escrevem claramente, não é verdade? Veja o último livro do Humberto Avila (Teoria da Igualdade), que aplica ao pé da letra a clareza e a objetividade dos textos norte-americanos e ingleses, e acolhe, literalmente, a máxima de Churchill: “Das palavras, as mais simples. Das mais simples, as menores.”
    Por falar nisso, você já viu o “Teoria dos Princípios”, do Avila? Tem inclusive bons exemplos da distinção – para ele um pouco diversa – entre regras e princípios… Acho bom, fácil de compreender, e – isso os alunos adoram – o livro é bem fininho…

  4. Hugo,

    belíssimos comentários. Adorei a tática do ceguinho…

    O grande problema do direito (e das ciências sociais de um modo geral, aqui incluída a filosofia) é que a gente valoriza o discurso enigmático.

    Nas ciências exatas, você elabora uma hipótese e demonstra com cálculos matemáticos complexos que podem ser compreendidos pela grande maioria dos outros cientistas.

    Na nossa área, os grandes pensadores elaboram uma hipótese e quando vão justificar só uns poucos entendem ou fingem entender o que ele quer dizer. E aí a hipótese não pode ser refutada, pois não há debate.

    George

  5. Concordo com Churchill, simplicidade e objetividade ajudam, mas quanto a isso, alguém já leu manual de introdução à física quantica para saber se o pessoal das ciências naturais é claro? Vão se decepcionar, pois lá não irão encontrar clareza.

    Por isso ouso discordar quanto a crítica do Sokal, pois parto do princípio de que crítica vinda das ciências naturais em regra é ideológica, até prova em contrário. Um bom exemplo é verificar que as idéias do Dawkins são contrárias as defendidas pela psicanálise.

    Não defendo Lacan, alguns conceitos deles são interessantes, outros repudio, sem entrar no mérito de serem corretos ou não. Não sei que tipo de raciocínio ele estava desenvolvendo nesse trecho pinçado por alguém como o Dawkins.

    O que não suporto é gente das ciências naturais querem ditar um padrão para as ciências culturais. Ciência é transitória, vive de erros e acertos, e no passado imbecilidades já foram defendidas por físicos e biólogos. Imbecilidades ainda hoje são defendidas, especialmente quando transformam coincidências em lei físicas.

    Quanto ao texto que abre o post, particularmente não estou identificando o autor, mas o que para mim ele diz, é que a modernidade preparou um novo conjunto de possibilidades existenciais para o homem, permitiu que o homem buscasse um novo sentido para sua vida, somente possível porque esse sentido estava previamente dado como projeto dado modernidade.

    Ou seja, antes de ser realidade, algo é uma ideia que se realizará num segundo momento na vida. E que essas idéias/sentido foram dadas coletivamente na modernidade de forma prévia.

    Dessa forma todo homem moderno é ao mesmo tempo projeto, possibilidade e materialização dos sentidos e idéias que compõem a modernidade enquanto projeto de uma sociedade.

    Parece um truímos, mas vale lembrar que o Iluminismo imaginava reconstruir o indivíduo desenraizando-o de sua comunidade e de toda a tradição que o formava. A crítica pos-moderna ao iluminismo vai no sentido contrário, de que o homem não está fora de sua comunidade, e de que vive seus valores, mesmo quando essa comunidade tem um sentido amplo como a modernidade.

    Fica agora a questão de saber quem é o filósofo alemão.

    Dessa forma o homem não escapa as possibilidades prévias dadas ainda no campo dos sentidos/valores/idéias que estruturam a sociedade. O homem moderno somente é possível de surgir na sociedade moderna, e viver na sociedade moderna.

  6. Júlio,

    a diferença é que um físico que leia um manual de física quântica vai entender perfeitamente aquilo que quem escreveu quis dizer. Se houver equívocos, outros físicos serão capazes de apontar o erro de forma unânime.

    Eu estudo direito há uns quinze anos, me considero relativamente inteligente e até gosto de filosofia do direito. Mesmo assim, sinto muita dificuldade em compreender o que um jurista quer dizer quando fala em “não-recepção da viragem lingüística no modelo interpretativo vigorante no Brasil”.

    E, por incrível que pareça, consegui entender a teoria da relatividade de Einstein, embora por outras fontes que não o próprio Einstein. Também consegui entender a teoria da evolução de Darwin, a teoria do big bang etc. etc. Tá certo que não compreendi os cálculos por detrás dessa teoria. Mas sei onde o cientista quer chegar e sei quais os argumentos ele utilizou para justificar sua hipótese.

    Alguma coisa está errada com a linguagem jurídica. Ou então estou na área errada.

    George

  7. Caro G.,
    Não se preocupe por não entender a contraparte formal (a matemática) da relatividade. Há registros interessantes de que o próprio Einstein tinha dificuldades com ela.
    Abs.,
    Lycurgo

  8. Antes de estudar direito estudei economia, e os economistas baseados em raciocínios matemáticos faziam a mesma crítica quanto ao modo de escrever dos economistas não matemáticos, com o agravante que apontavam que os não matemáticos não usavam fórmulas que permitissem testar o que estava sendo defendido.

    Prefiro ficar com os que prescindam das fórmulas matemáticas, até porque essas são simplificadoras da realidade econômica, e certas realidades sociais não são exprimíveis matematicamente, como a descrição de instituições que regulam o comportamento humano e influenciam a atividade econômica. Isso não significa que o uso na matemática é desnecessário na economia, só que não é o seu principal meio de expor idéias.

    Gente como Sokal e Dawkins pertencem à mesma quadrilha intelectual. Acreditam que há um padrão de ciência (não por acaso a das ciências naturais) e procuram descrever o homem através de um naturalismo comportamental. Tudo que não se enquadra no padrão é errado, ou ainda não foi explicado pela ciência, pois eles são os senhores da verdade matemática.

    Ciências humanas não são passíveis de teste de comprovação, até porque muitas vezes o sociólogo/economista/antropólogo participa da própria sociedade analisada, impedindo um mínimo de afastamento.

    Se formos para a linguagem a coisa piora, pois como dizem os lingüistas, para falar da linguagem devo usar palavras, ou seja, não há separação entre objeto e ciência. Será que devo concluir que não há por isso possibilidade de uma ciência da linguagem?

    E se simplicidade indica que domino o meu assunto ao máximo para poder melhor explicá-lo, na maior parte das vezes a explicação fácil é simplificadora, e despreza boa parte do conteúdo a ser transmitido. O recurso ao modelo lógico-matemático indica exatamente isso, pois a simplicidade matemática elimina a complexidade do universo.

    Sobre a sua capacidade de entender, discordo. Inteligência não é medida dessa forma. Inteligência não é plana e importa em muitas habilidades distintas, como raciocínios dedutivos, indutivos, analíticos, analógicos, memória e por aí vai, e cada um de nós desenvolveu mais ou menos uma dessas habilidades e competência

    Como indica a psicologia, se você se dedicar a um determinado assunto ou atividade, você melhora pelo simples fato de estar se dedicando, o que aprimora a sua “inteligência”. O teste de QI é um exemplo: quanto mais letrada for a pessoa, melhor ela irá, pois acúmulo conhecimento formal aprimora velocidade de raciocínio.

    Somos melhor “treinados” em poucos assuntos, que em geral requerem um determinado tipo de raciocínio, e para os outros temos um conhecimento e capacidades básicas. Um bom exemplo é o fato de apesar de formados em direito, não dominamos todas as áreas jurídica. Mesmo que tenhamos um mínimo de conhecimento, não compreendemos bem todos os ramos, até porque alguns pressupõem certo preparo intelectual diverso, como por exemplo, direito comercial.

    Por isso ser formado em direito e exercer atividade na área não me habilita a compreender qualquer tema na área, mas somente aqueles nos quais sou treinado, o que inclui saberes não dogmáticos como filosofia do direito, lógica do direito e outros conhecimentos correlatos.

    P. S.

    Quanto ao autor brasileiro que você citou, imagino que seja o Streck, pela temática. E concordo com ele, pois muito se cita autores como Wittgenstein, Gadamer e Heidegger, mas pouco se compreende o que eles disseram, muito menos se usa adequadamente suas lições.

    E afinal, qual o autor alemão que te assombrou?

  9. Prezado George,

    Fazendo uso dos versos de um bela música popular que não recordo o nome agora:

    “Se o quadradismo dos meus versos
    Vai de encontro aos intelectos
    Que não usam o coração
    Como expressão”

    Acho que devemos propor a criação de uma nova disciplina propedêutica: ININTELIGIBILIDADE JURÍDICA: UMA VISÃO PÓS-MODERNA DA DESESTRUTURAÇÃO HERMENÊUTICA!

    Endosso o coro, em protesto, tb contra os autores que atolam seus textos com citações noutro idioma, sem o cuidado de fazer a devida tradução numa notinha de rodapé! Sem comentários…

    Abraços,

    Danilo

  10. Mera Glossolalia (reinante no âmbito jurígeno).

    Nesse contexto, qual seja, o de que muitos juristas (muitos mesmo) falam difícil para expressar e ou demonstrar que sabem mais do que aparentam saber, ou maquiar o discurso deficitário e sem embasamentos coerentes.

    É por isso que deveria haver uma norma no Brasil para obrigar os bacharelandos a lerem o livro Direito, Mito e Metáfora (Os lírios não nascem da Lei) de autoria do professor Paraibano Antônio Cavalcante da Costa Neto.

    Descumprida a obrigação, impede-se o bacharelando de colar grau.

    A mesma norma deveria também determinar que os Advogados, Membros do MP e da Magistratura lessem o referido livro pelomenos uma vez por ano, sob pena de perda de parte dos vencimentos.

    Exageros à parte, o livro citado é um exemplo de boa técnica redacional, que mistura literatura (sensacional a parte que menciona as memórias póstumas de Brás Cubas de Assis) com temas jurídicos, políticos, bíblicos e filosóficos, além de filológicos.

    Em suma, é o melhor livro de iniciação jurídica que já li.

    Vou parar por aqui senão parecerá que estou fazendo propaganda remunerada, quando é meramente gratuita!

  11. Júlio,

    creio que não discordamos em essência. Também não acho que tudo pode ser calculado e explicado “cientificamente”. O coração de tem razões que a própria razão desconhece.

    O cerne da crítica que formulei, com base na denúncia apresentada por Sokal, foi quanto à linguagem jurídica e não propriamente quanto ao método utilizado pelos juristas para solucionarem os problemas jurídicos.

    Estou lendo o livro de Sokal, para ver de perto que tipo de críticas que ele formula, e creio que a sua denúncia vai ainda mais além do que a mera linguagem. Na realidade, ele aponta inúmeras falhas de autores que utilizam argumentos físico-matemáticos para justificarem seus pontos de vistas nas ciências sociais.

    Creio que, no direito, não é tão comum esse tipo de analogia entre direito e matemática. Talvez nos textos de Alexy mais recentes exista um pouco de abuso disso. Mas certamente Alexy não utiliza a matemática mais complexa, nem conceitos muito incompreensíveis. Ou seja, talvez Alexy não pudesse ser incluído no rol de Sokal.

    Depois vou comentar com mais calma o livro, inclusive fazendo uma análise da “fórmula do peso” de Alexy.

    Quanto ao brasileiro, citei o Streck apenas aqui nos comentários, quando falei da “viragem linguística”. Mas jamais quero dizer que ele não sabe do que está falando. Pelo contrário. Seu conhecimento é profundo e não é embuste. No entanto, ele abusa da linguagem enigmática, tornando seu texto compreensível para poucas pessoas. Talvez seja mesmo isso que ele quer. Mas acho que isso não é muito democrático.

    Quanto à citação que utilizei no texto foi extraída de um livro de Luiz Alberto Warat. Até hoje, fico tonto quando leio.

  12. Concordo ipsis litteris com sua crítica a linguagem rebuscada de alguns autores. No entanto, é preciso ressaltar que muitas vezes nossa dificuldade em ler determinadas obras diz respeito ao universo da pré-compreensão de que falava Gadamer. Faz-se necessário um estudo prévio dos conceitos primeiros. É como se quisesse estudar equação de 1º e 2º grau, antes de estudar as noções elementares de algebra. Infelizmente, os autores a que nos referimos (Alexy, Habermas, etc.) são os “papas” do direito moderno, os quais escrevem para pessoas que pressupõe ter muita estrada rodada, razão pela qual têm como premissa já dominarem sua linguagem.
    Mas, realmente alguns autores são obscuros na transmissão do conhecimento e Schopenhauer já denunciava isso a muitos anos atrás…
    Quanto à frase usada por Lênio Streck (“não-recepção da viragem lingüística no modelo interpretativo vigorante no Brasil”), ele se refere nada menos a incorporação da filosofia da linguagem entre os doutrinadores brasileiros.

  13. Dr. G., creio que essa metalinguagem faça parte da essência da denominada ‘teoria discursiva’ (teoria ‘crítica’?) e revele os ideais marxistas de seu autor mais emblemático (Jürgen H.).

  14. Prezado amigo, George Marmelstein Lima,

    Parabens pelo levantamento do tema.

    1. Sou professor concursado pela Universidade Federal de Pernambuco há muitos anos.
    2. O Sr. aponta de uma maneira dinâmica e inteligente para um problema muito grave da cultura e da civilização. De uma maneira o mais possível respeitosa, vou colocar mais lenha nessa fogueira. Espero não ofender a ninguém; apenas vou tentar colocar alguns problemas acadêmicos e jurídicos muito graves e ajudar a refletir sobre a situação geral. Não vou buscar aqui nenhuma solução. A solução dos problemas teóricos busco-a nas teorias que formulo da Linguística Dinâmica, da Linguística Jurídica, da Linguística Nuclear, da Linguística Quântica, da Linguística Empresarial. http://www.ufpe/linguisticadinamica

    3. No Brasil, e no Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, não ha democracia teórica nem democracia científica no âmbito da ciência linguística; e sim censura, perseguição, intimidação, calúnia, difamação, acosso, e outras tantas perversidades por razões de opinião teórica.
    4. No Brasil continua funcionando e dominando o AI 5, desde a Universidade Federal de Pernambuco até o Ministério Público, desde a legislação ordinária até a Constituição Federal Brasileira.
    5. O Art. 5 da Constituição Federal Brasileira não é uma Lei que obrigue a restituir os direitos violados; e sim, pelo contrário, é uma espécie de jogo de marketing de enfeite dos políticos e governos pseudodemocráticos: Para criar uma imagem bonita do governo e do sistema; porém é totalmente ineficaz. Não serve para nada. (não sei em outros países). No Brasil, o perseguidor tem pleno direito a perseguir a sua vítima, durante um ano, dez anos ou vinte anos, igualmente hoje como no tempo do AI 5. E não há nenhuma Lei que limite a vontade e a perversidade do perseguidor de perseguir a sua vitima. A pessoa é perseguida simplesmente, por que o indivíduo “A” não tem a mesma linha teórica do que o coletivo dominante. O Ministério Público Federal, a Justiça e o Juiz, não têm nenhum instrumento legal, para cortar dez anos ou 20 anos de perseguições teóricas, científicas, ideológicas, políticas e acadêmicas, contra a pessoa. E não é falta de provas: É FALTA DE LEI, E FALTA DE ÉTICA, na Universidade, na Justiça e na sociedade: É o AI 5 que domina nestas questões até hoje, ou tal vez, pior ainda, as “Trevas” da Inquisição, como naquela luta inglória e perversa do Geocentrismo contra o Heliocentrismo.

    Modéstia a parte, não sou nenhum ignorante. Sou licenciado em filosofia, professor de filosofia durante muitos anos, doutor em linguística. Minhas notas no meu doutorado foram 10, 10, 10, 10, … 10 com matrícula de honor, 10 com matrícula de Honor, 10 com Matricula de Honor. E a minha Nota na Tese Doutoral foi CUM LAUDE. Porém, sou perseguido há mais de 20 anos no meu próprio Departamento de Letras. Pela única razão porque ensino a Linguística Dinâmica, que defende que a língua não é estática; não é somente um conjunto de signos, pois é também AÇÃO E UM SISTEMA ENERGÉTICO, PRODUTOR DE ENERGIAS, FORÇAS, EFEITOS, EFICÁCIA, COMPETÊNCIA, VITALIDADE, COMPETITIVIDADE, PRODUTIVIDADE E PODER. A língua é um sistema de poder.
    SOU EXECRADO NO MEU PRÓPRIO DEPARTAMENTO DE LETRAS, como Sócrates, como corruptor da Juventude PORQUE ENSINO AOS JOVENS OS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS TECNOLÓGICOS E APLICADOS DA LINGUÍSTICAS DINÂMICA.
    Há mais de 20 anos que sou perseguido, preterido, caluniado, denegrido, acossado (por razões de pensamento teórico), por meus próprios colegas, professores universitários. Até o Reitor é envolvido para participar nessa perseguição.
    Fomos ao Ministério Público Federal denunciar a situação, com provas. O Ministério Público foi muito simpático, nos atendeu muito bem, entendeu a nossa queixa, porque sabe que isso acontece muito frequentemente nas instituições, na política e a sociedade. Porém, nos disse: “Não temos nenhum instrumento legal para intervir e solucionar o problema”. Assim, o docente poderá continuar sendo perseguido até a eternidade.

    6. Vou continuar botando mais lenha nessa fogueira. A ciência linguística é hoje, no final do século XX e inícios do XXI, um verdadeiro LABIRINTO DE CRETA, onde as escolas não se entendem sobre O QUE É A LÍNGUA, A SUA COMPOSIÇÃO E O SEU SISTEMA DE FUNCIONAMENTO.
    7. Não se entendem sobre o objeto da ciência:
    8. Não se entendem sobre o que é a língua, sobre o que é a palavra, o que é a oração, o que é a forma, o que é a substância, qual é o procedimento científico.
    9. A ciência linguística é um LABERINTO DE CRETA, no qual as escolas não se entendem, nem sequer sobre a noção de língua, sobre a noção de palavra, sobre a noção de oração, sobre a noção de forma, sobre a noção de ato de fala. E alguns grupos se acham os donos e deuses absolutos e universais da ciência, e impõem a todos os setores as suas opiniões, os seus pressupostos, como se fossem verdades absolutas e universais da ciência; e perseguem, caluniam, denigram, intimidam e acossam aqueles que não sejam a imagem se semelhança dos seus pressupostos teóricos.
    10. Na História desta ciência foram constituídas duas corrente de Pensamento: a Corrente do «Ergon» e a Corrente da «Enérgeia».
    11. A corrente do «Ergon» fez ao longo de muitos séculos, até o final do século XX, o mesmo que o Geocentrismo tolomaico com o Heliocentrismo copernicano: Perseguição, proibição, censura, intimidação e ameaça contra os autores da Corrente da «Enérgeia».
    12. Na Astronomia, durante os séculos XVIII, XIX e XX, os partidários do heliocentrismo copernicano e do sistema planetário conseguiram
    13. A nossa pesquisa nos levou à conclusão de que os mestres iluminados da LINGUÍSTICA MODERNISTA do século XX e os mestres iluminados da LINGUÍSTICA PÓS-MODERNISTA da atualidade, enganam a cultura e a civilização, como no tempo das Trevas: enganam a cultura e a civilização, com sofismas, falácias, retóricas meronímicas e falsos princípios científicos da Velha Filosofia da Ciência, desprezando e perseguindo os princípios, paradigmas e fundamentos da Nova Filosofia da Ciência. Enganam os estudantes e profissionais de letras, prejudicam a capacitação profissional e empresarial de todas as categorias, prejudicam a formação dos estudantes de Direito e a formação continuada dos juristas, Magistrados de Juízes e Desembargadores, e atrasam os sistemas produtivos e econômicos das comunidades de Pernambuco, do Nordeste, do Brasil e do Terceiro Mundo .
    14. O que está por trás de tudo isso é a POLÍTICA LINGUÍSTICA ELITISTA DE MAQUIAVEL, que postulou e impõe o princípio maquiavélico: Todo o Poder Linguístico para o Príncipe; nenhum poder linguístico para o povo, igualmente para os escravos e plebeus do passado como também para os trabalhadores, classes medias e camadas de baixa renda da atualidade. Isso aconteceu igualmente no tempo da Colônia, do Império, na Revolução Industrial, na Revolução Francesa, e nos séculos XIX e XX nos sistemas capitalistas e neocolonialistas.

  15. S O S LINGUÍSTICA DINÂMICA.

    PEDIMOS UM S O S ANGUSTIADO ANTE A COMUNIDADE CIENTÍFICA NACIONAL E INTERNACIONAL. Pedimos, se possível, o apóio dos homens de boa vontade, que me ajudem a denunciar essa situação perversa de perseguição, calúnia, difamação, prejuizos que estou sofrendo no meu próprio Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

  16. “Do contrário, tudo não passa de uma metanarrativa pseudo-emancipatória para uma refratação opaca da realidade semi-objetiva.”

    rsss
    Esta foi boa.
    Ótimo texto.

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